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Raul Seixas

Ouro de Tolo

Raul Seixas

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Tom G
	
[Intro] G  G7M  G  G7M 
        F  F7M  D4  D7

[Primeira Parte]

      G
Eu devia estar contente

Porque eu tenho um emprego

Sou um dito cidadão respeitável
                              Am7
E ganho quatro mil cruzeiros por mês

Eu devia agradecer ao Senhor
                D7
Por ter tido sucesso 

Na vida como artista

Eu devia estar feliz
                                  G
Porque consegui comprar um Corcel 73

Eu devia estar alegre e satisfeito

Por morar em Ipanema

Depois de ter passado fome por dois anos
                       Am7
Aqui na Cidade Maravilhosa

Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso
              D7
Por ter finalmente vencido na vida

Mas eu acho isso uma grande piada
                   G       G7
E um tanto quanto perigosa

[Segunda Parte]

      C
Eu devia estar contente

Por ter conseguido tudo o que eu quis

Mas confesso abestalhado
                      Bm
Que eu estou decepcionado
     C
Porque foi tão fácil conseguir

E agora eu me pergunto: E daí?
                 A7
Eu tenho uma porção de coisas grandes
                          D                G   
Pra conquistar, e eu não posso ficar aí parado

( F  D )

[Primeira Parte]

      G
Eu devia estar feliz pelo Senhor

Ter me concedido o domingo

Pra ir com a família ao Jardim Zoológico
            Am7
Dar pipoca aos macacos

Ah! Mas que sujeito chato sou eu
              D7
Que não acha nada engraçado

Macaco praia, carro, jornal, tobogã
                  G
Eu acho tudo isso um saco
     G
É você olhar no espelho

Se sentir um grandessíssimo idiota

Saber que é humano, ridículo, limitado

Que só usa dez por cento de sua
   Am7
Cabeça animal

E você ainda acredita  
                           
Que é um doutor, padre ou policial
              D7
Que está contribuindo com sua parte
            G                 G7
Para nosso belo quadro social

[Segunda Parte]

C
Eu que não me sento

No trono de um apartamento

Com a boca escancarada cheia de dentes
             Bm
Esperando a morte chegar
     C
Porque longe das cercas embandeiradas 

Que separam quintais
A7
   No cume calmo do meu olho que vê
   D                              G        G7
Assenta a sombra sonora de um disco voador

C
Eu que não me sento

No trono de um apartamento

Com a boca escancarada cheia de dentes
             Bm
Esperando a morte chegar
     C
Porque longe das cercas embandeiradas 

Que separam quintais
    A7
No cume calmo do meu olho que vê
   D                                 G
Assenta a sombra sonora de um disco voador

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês

Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73

Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome
Por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa

Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa

Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado

Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "E daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes pra conquistar
E eu não posso ficar aí parado

Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Pra ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos

Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco

É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal

E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social

Eu é que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador

Ah!
Eu é que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador

Composição: Raul Seixas

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